Com o samba “Mãos ao alto! Vinte reais é assalto!”, o tradicional bloco das Carmelitas ocupa as ruas de Santa Teresa com sede de discussão política, sem, é claro, perder a brincadeira. O nome da música faz referência ao elevado preço do bondinho de Santa Teresa.
— Nós sempre procuramos homenagear a paisagem do nosso bairro, focar nas coisas boas… Só que com toda essa situação econômica e política não teve como não ter um samba com crítica — declarou o organizador do bloco, Alvanísio Damaseno sobre a letra que não poupou políticos como Crivella, Pezão e Temer.

O Carmelitas conta com 150 ritmistas na bateria tocando somente sambas enredo. Além de pedir tolerância e direitos, o samba não esquece de reivindicar outro interesse nacional urgente: “abaixe o preço da cerveja!”.
Este ano, o bloco faz homenagem a duas personalidades. O colunista João do Rio desfila representado por um boneco, interpretado pelo carnavalesco do bloco, Jorge Crespo. Já a homenagem póstuma é para Tânia Carneiro, moradora de Santa Teresa e folião assídua.

O bloco também tem uma ala de pernalta desde 2015. Esse ano, a ala está formada por 4 pessoas usando pernas de pau sob responsabilidade de Raquel Potí. Ao longo de todo o ano, ela faz oficinas de perna de pau pela cidade, como forma de preparar as pessoas para desfilarem. Ela desfila desde 2009 na frente da bateria do bloco como caboclita.
— Em todos os tipos de brincadeiras populares, ao decorrer dos séculos, as pernas de pau estão presentes. Nada mais normal do que no carnaval também marcarmos presença — conta Raquel.
Por falar em oficinas, também desfilam no bloco meninas que participaram de uma oficina de fantasia promovida pelo bloco. Elas carregam freirinhas nos ombros e são cerca de 30 garotas
Em relação a polêmica de alguns blocos não tocarem marchinhas com letras preconceituosas, o organizador Alvanísio declarou:
— Se nós fossemos um bloco de marchinha eu não deixaria de tocar. Sou contra banir músicas tradicionais do carnaval.